Materiais estão no Santuário Nossa Senhora Aparecida desde julho de 2021 e são usados em missas e orações
Famoso por curar milagrosamente aqueles que tocaram sua imagem ou rezaram por ele, o nome do beato Carlo Acutis voltou aos holofotes após ter seu segundo milagre reconhecido no último mês. Em processo de se tornar santo, o beato possui duas de suas relíquias — como são chamadas partes do corpo ou itens pessoais — em Passo Fundo, no Santuário Nossa Senhora Aparecida.
Sob responsabilidade do Padre Érico Martins, a Arquidiocese de Passo Fundo possui um relicário com fios de cabelo de Carlo e uma amostra de um tecido que tocou sua pele. Para a Igreja Católica, estas são consideradas relíquias de primeiro e terceiro grau, sendo classificadas nesta ordem: primeiro, as partes do corpo (cabelo, pele ou ossos); depois itens pessoais e, por último, algo que tocou o corpo da pessoa canonizada.
Os itens foram solicitados em 2021 por meio de carta enviada ao postulador da causa de canonização do beato, na Itália. No texto, assinado pelo padre e pelo arcebispo Dom Rodolfo Weber, a justificativa para o pedido das relíquias foi para inspirar os jovens a viverem uma vida de santidade.
— Na época, Carlo Acutis não tinha tamanha devoção, as pessoas buscavam conhecer sua história. Mas no meio eclesial ele já era bem conhecido, principalmente pelos jovens católicos — relembra o padre.
A carta foi entregue em mãos por uma religiosa conhecida da arquidiocese. Em menos de um mês, as lembranças do beato foram enviadas a Passo Fundo e passaram a ser utilizadas na rotina de missas e orações do Santuário. Elas ficam na capela interna, para veneração. Futuramente, a ideia é expor as peças no Santuário para que os visitantes possam visualizá-las e tocá-las.
— É uma alegria e honra ter essa relíquia sob meus cuidados, me sinto motivado a propagar a devolução dele pra quem quer conhecer ou pedir que interceda pelos seus pedidos. Ele foi um jovem afrente de seu tempo, fez seu tempo ser bem aproveitado, soube seguir Jesus Cristo e nos inspira a ser santos como Deus — resume o padre.
Ainda segundo o padre, há pelo menos outras três relíquias de Carlo Acutis no Estado: uma na Paróquia de São Cristóvão em Erechim, outra no Santuário de Caravaggio em Caxias do Sul, e uma terceira na Paróquia Santo André Avelino, em Osório.
Eduarda Costa / Agencia RBS
A popularidade de Carlo Acutis sempre vem à tona quando há novos andamentos do seu processo de santificação. A imagem de seu corpo exposto na Itália, vestindo abrigo esportista, chama a atenção pela diferenciação das demais imagens de santos, o que estreita a proximidade com o público.
Esses detalhes justificam o carinho de um de seus devotos em Passo Fundo, o auxiliar administrativo Miguel Ângelo dos Santos Ramos. O fato de estar presente na história atual e ser uma imagem ligada às redes sociais são os fatos que construíram sua admiração.
— A rápida história dele na Terra me deu um choque de realidade, mostrou que a fé católica não é um “artigo de museu”, mas que continua fazendo sentido para os jovens também. Temos como um santo “logado nas redes sociais”, sem ficar offline com Deus. Eu fico impressionado com o fato de que ele era um cara normal, descolado, vestido como qualquer pessoa da turma dele, que por isso mesmo conseguiu ser santo: bastou ser ele mesmo.
Já para o seminarista Gian Bento, 23 anos, a relação de Acutis é de proximidade ainda maior: uma de suas primas é responsável por cuidar o túmulo do beato e o apresentou a história. A relação do jovem com Brasil também é um fato marcante para o seminarista:
— É muito importante ter o Carlo principalmente por ser jovem, do nosso tempo. O seu laço tão forte com o Brasil, onde teve seu primeiro milagre estudado, também nos aproxima. Sempre que minha prima vem para o Brasil nos traz relíquias e sigo sua devoção ao santíssimo sacramento, por sua sede de defender a verdade e o evangelho.
Carlo Acutis nasceu em Londres, mas passou a maior parte da vida em Milão, onde morava com os pais. Ele morreu aos 15 anos, em 2006, após enfrentar um tratamento por leucemia. Em vida, era devoto à Virgem Maria e chegou a criar uma plataforma online para informar sobre Jesus Cristo e a eucaristia, fato que o fez ficar conhecido como “padroeiro da internet”.
O primeiro milagre reconhecido pela Igreja aconteceu no Mato Grosso do Sul, quando uma criança foi curada de uma má-formação no pâncreas, uma doença rara. Ele teria se curado depois de tocar em um pedaço da roupa de Acutis exposto na capela Nossa Senhora Aparecida, em Campo Grande. O caso aconteceu em 2010 e foi reconhecido pelo Vaticano em 2020.
A aceitação do segundo milagre ocorreu em maio deste ano. Neste caso, uma jovem da Costa Rica foi curada dias após sua mãe rezar ao túmulo de Acutis em Assis, na Itália. A jovem havia sofrido um acidente de bicicleta e tinha poucas chances de sobrevivência.
Fonte: GZH – Eduarda Costa